sábado, 11 de fevereiro de 2012

Projeto Azu, SP, experiência de arte em espaço público

Acabei de assistir uma reportagem sobre o Projeto Azu, coletivo de artistas, atuante na periferia urbana de São Paulo.
Trocando em miúdos, os artistas revitalizam áreas públicas (calçadas, escadas, praças) com aplicação de azulejos pintados a mão. Da pintura de azulejos, o projeto acaba trazendo à tona outros temas relacionados a inclusão social.

Vale conhecer. Fiquei pensando como poderia ser interessante levar algo desta proposta para as atividades de 'comunicação comunitária', Rádio Dissonante e afins em Planaltina, por exemplo. Uma ideia.

Um pouco sobre  Projeto Azu:

"O PROJETO AZU é um coletivo de articuladores, artesões e artistas, da região leste de São Paulo atuamos na comunidade Vila Nossa Senhora Aparecida, em Ermelino Matarazzo, o grupo fundado no início de 2008, visa contribuir com o desenvolvimento sociocultural local, utilizando a arte como meio de reflexão sobre o espaço público urbano, sendo transporte para novas perspectivas de inclusão social para a juventude do bairro e buscando desenvolvimento econômico e sustentável da comunidade artística das periferia.

Endereço web do Projeto:  www.projetoazu.com.br

Gente, o encontro da arte com a necessidade social é um momento ímpar.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Rio que abastece parte de Aracaju (SE) está contaminado com herbicidas


Segundo pesquisadores, fonte de contaminação são produtos químicos utilizados na cana-de-açúcar cultivada na área de recarga do rio Poxim
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Agência Notisa – Cerca de 27% do abastecimento de água da cidade de Aracaju (SE) é proveniente da sub-bacia do rio Poxim. Pesquisadores da Universidade Federal do Sergipe (UFS), da USP e da Embrapa alertam, em um estudo publicado na edição de abril/junho deste ano da Revista Ciência Agronômica, que as áreas de recarga desse rio já não são mais ocupadas por vegetação nativa. A atividade agropecuária, em especial o cultivo de cana-de-açúcar, está se expandindo na região. Como consequência, o uso de herbicidas na cultura da cana pode resultar na contaminação da água.

 Na pesquisa “Herbicidas no alto rio Poxim, Sergipe e os riscos de contaminação dos recursos hídricos", Fábio Brandão Britto, do programa de pós-graduação em Agroecossitema/NEREN/UFS, e colegas avaliaram o risco de contaminação de águas superficiais e subterrâneas por herbicidas no alto da sub-bacia do rio Poxim. Eles avaliaram ainda a presença dos herbicidas diuron e ametrina à montante das plantações de cana-de-açúcar.

Segundo o artigo, os autores fizeram um monitoramento bimensal de julho de 2009 a julho de 2010, em dois pontos de amostragem. A partir da análise da água, eles constataram a presença dos dois herbicidas no rio.


"A qualidade da água na Sub-bacia do Rio Poxim está sendo influenciada pelo uso de herbicidas na região", concluem os pesquisadores na publicação. Eles observaram concentrações de diuron e ametrina acima dos padrões internacionais para água destinada ao consumo humano no rio Poxim-Mirim.


Para ver o artigo na íntegra, acesse: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-66902012000200024&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#top.


Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A solução da crise ambiental é responsabilidade de todos nós (Artigo de Opinião)

 A solução da crise ambiental é responsabilidade de todos nós

Por Elimar Pinheiro do Nascimento
http://www.unb.br/noticias/unbagencia/artigo.php?id=483

A crise ambiental é hoje um lugar comum, com ampla aceitação nos meios acadêmico, político e jornalístico. A consciência das implicações do modelo econômico, que criamos entre os sécuos XIX e XX, nasceu como percepção dos seus limites, desde meados do século passado, e se desenvolveu ao longo de sua segunda metade por meio de um conjunto variado de estudos e publicações (Meadows, Georgescu-Roegen, Herman Daly, Diamond, Lovelock, Latouche, entre dezenas de outros). Hoje ganha espaços, adeptos e contornos inimagináveis há uma década. Recentemente André Lara Rezende, por exemplo, escreveu sobre os limites naturais do modelo econômico, no jornal Valor.

Fukuyama, por sua vez, deu recentemente uma entrevista ao jornal Spiegel, denunciando as enormes desiguadades sociais que o sistema cria. A crise ambiental se mistura com outras, particularmente a atual crise econômica, cujas dimensões ainda não temos claro. No final do mês passadao, a Organização das Nações Unidas publicou um documento (Resilient people, resilient planet) que torna o famoso relatório Brundtland, de 1987, uma coisa de criança, em relação a gravidade dos riscos que sofremos atualmente.

No entanto, salvo se acreditarmos na vocação suicida da humanidade, não se compreende com clareza as razões do desenconto entre as percepções da crise e as medidas tomadas para superá-la. Podem-se levantar hipóteses. Uma delas, e certamente não a mais importante, encontra-se na contradição entre a lógica governamental e a natureza do problema ambiental.

O governo, assim como parte de nossa organização científica, se faz por setores. Divide a realidade em pedaços: educação, saúde, infra-estrutura, agricultura, comércio etc. E pior, a organização setorial é absolutamente compartimentada. O que faz com que cada setor não converse com outro. Cada ministério guarda suas informações, e dificilmente passa a outros. Afinal, informação é poder.

Ora, qualquer problema ambiental não se resolve setorialmente. A qualidade e a quantidade dos recursos hídricos para o abastecimento humano não depende apenas da conservação de suas fontes, mas também da conservação dos leitos, do sistema de saneamento, dos tipos de irrigação, entre outros. A conservação das florestas não depende apenas do conhecimento biológico, mas das medidas econômicas e sociais. Depende não apenas da fiscalização, mas da política de crédito, da política fiscal, da rede de transporte, da gestão das florestas e da consciência ambiental da população local e urbana, nacional e internacional.

Por isso, as questões de meio ambiente e com ela, as do desenvolvimento sustentável, não podem ser tratadas ou ser responsabilidade de um ministério ou de uma agência. Elas têm que ser responsabilidade de diversos ministérios e agências. Não teremos uma boa utilização da biodiversidade e suas riquezas se não houver investimento em ciência e tecnologia (para fomentar pesquisa), educação (para formar cientistas), transporte (rede de transporte inteligente), agricultura e pecuária (limitada a determinados espaços), na expansão do crédito e na política fiscal (para estimular as atividades inovadoras), entre outros.

O que significa, em termos governamentais que não poderemos enfrentar os problemas ambientais e de desenvolvimento sustentável se os Ministérios de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Educação, Agricultura e Transportes e Fazenda, não conversarem. Afinal, as dificuldades são diversas mas, sobretudo, intragovernamentais, com pouca interlocução entre os vários setores, em particular aqueles responsáveis por maiores impactos ambientais.

É verdade que esta interlocução não é favorecida por cobranças societais. Neste último aspecto há de se referir a pouca legitimidade que as questões ambientais ocupam no âmbito da sociedade brasileira, mais preocupada em crescer economicamente, gerar emprego e renda, melhorar sua qualidade de vida com ampliação de acesso aos direitos sociais, ganhar competitividade no parque produtivo e melhorar a inserção na economia mundial.

Todos interesses sobejamente reconhecidos como legítimos, mas que no mais das vezes são definidos em termos excessivamente imediatistas, sem preocupação com as condições naturais onde nos inserimos e das quais dependemos. Sem atentar devidamente às mudanças em curso no mundo, quanto às restrições crescentes dos recursos naturais e ao processo de criação de uma sociedade do conhecimento, em que as exigências de consumo aumentam e as definições de qualidade de vida se transformam.

A imagem do meio ambiente na sociedade brasileira ainda é ambígua, senão negativa, resultado da abundância dos recursos naturais que detemos e da arrogância própria à modernidade. Por sua vez, a imagem dos que se ocupam do meio ambiente é a de dificultadores do progresso. Em resumo: as questões ambientais são vistas como problemas, e não como partes importantes das soluções inovadoras que o mundo conhece atualmente.

Elimar Nascimento, professor associado do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB